Introdução ao Dualismo Paulino
O apóstolo Paulo oferece uma perspectiva única e profunda sobre o homem e o mundo sem Cristo. Sua visão, frequentemente interpretada à luz do dualismo helenístico, abrange tanto o dualismo cosmológico quanto o antropológico. Este enfoque dualista ajuda a estruturar sua visão escatológica e teológica.
Dualismo Cosmológico e Antropológico
O dualismo cosmológico, conforme Paulo, contrasta dois níveis de existência: o terreno e o divino. Este contraste é essencial para entender como ele percebe a interação entre o homem e o mundo espiritual. Por outro lado, o dualismo antropológico diferencia duas partes do homem: o corpo e a alma. Esta divisão é fundamental para compreender a natureza humana segundo Paulo.
A Natureza do Mundo e os Poderes Espirituais
O termo grego kosmos, utilizado por Paulo, não possui equivalentes em hebraico ou aramaico. Ele descreve o mundo como uma criação complexa, repleta de potências espirituais. Paulo menciona não apenas anjos bons e maus, Satanás e demônios, mas também um grupo de palavras para designar as fileiras de espíritos angélicos, tais como “potestades” ou “domínio” (arche), “principados” (archai) e “dominações” (kyriotes).
Consciência, Pecado e Lei
Paulo enfatiza que os homens têm a responsabilidade de cultuar a Deus e fazer o bem por causa da consciência. A natureza do pecado, segundo ele, pode ser compreendida através de diversas palavras, sendo “asebia” (impiedade) uma das mais teológicas. Quanto à lei, Paulo não a vê apenas como um padrão divino para a conduta humana, mas também como parte da sagrada escritura com origem divina, e portanto, boa.
A Carne: O Inimigo Final
Um dos inimigos finais do homem fora de Cristo é a carne. Para Paulo, “carne” designa o homem em sua queda, pecabilidade e rebelião. Este conceito é crucial para entender sua visão sobre a luta espiritual e a redenção oferecida por Cristo.