Introdução à Epístola de Pedro
A primeira epístola de Pedro declara ter sido escrita pelo apóstolo Pedro, descrito como um “ancião” e testemunha ocular dos sofrimentos de Cristo (1.1, 5.1). Pedro conta com a companhia de seu “filho” Marcos (5.13) e, segundo uma forte tradição, utilizou Silvano (Silas) como seu secretário (5.12). A epístola aborda vários temas teológicos significativos que são centrais para a fé cristã.
Dualismo Petrino
Pesquisas recentes destacam a similaridade entre as divisões comuns de Pedro e os sermões em Atos. No entanto, a epístola enfatiza a tensão escatológica entre o presente e o futuro, não meramente cronológica, mas também soteriológica (1.11). A morte de Cristo, predestinada por Deus antes da fundação do mundo (1.20), inaugurou o “fim dos tempos”. A ressurreição de Cristo partilha deste caráter escatológico, pois Ele já está à mão direita de Deus, assumindo sua lei messiânica (1 Co 15.25). Este evento permite que todos os crentes entrem em novidade de vida através da proclamação das boas-novas (1.23).
Escatologia e Cristologia
A escatologia desempenha um papel crucial na epístola. Pedro não usa a palavra ‘parousia’, mas fala repetidamente da ‘revelação’ (apokalypsis) de Cristo (1.7, 1.13, 4.13, 5.4). O contraste entre o mundo mau e o céu é forte e essencial no pensamento petrino (1.14-20, 5.9, 4.3, 2.5-11, 3.1, 2.18). Pedro mantém uma alta cristologia, reconhecendo Jesus Cristo como central à fé, embora não o iguale explicitamente ao Pai como o “filho” (1.20).
Vida Cristã
Pedro enfatiza duas áreas principais da vida cristã. Primeiramente, a firmeza no sofrimento, visto como uma experiência normal para os crentes, que vivem como estrangeiros no mundo (4.13). Em segundo lugar, Pedro destaca o bom comportamento, utilizando o verbo ‘agathopoieo’ (fazer o bem) em várias passagens (2.15, 2.20, 3.6, 3.17), sublinhando a importância de ações virtuosas na vida dos crentes.