Cristadelfianismo: Origem e Doutrinas



   

O Cristadelfianismo é uma seita cristã que surgiu no século XIX, fundada pelo médico americano John Thomas, que, após se afastar de um grupo chamado Discípulos de Cristo, iniciou seus estudos independentes sobre a Bíblia e suas próprias interpretações doutrinárias. Este movimento se formou entre 1844 e 1847, com a criação de dois grupos principais: um nos Estados Unidos e outro na Inglaterra. Em 1848, o nome “Cristadélfios”, que significa “Irmãos em Cristo”, foi adotado oficialmente, embora o movimento logo se fragmentasse devido a divergências internas, especialmente relacionadas à doutrina da ressurreição.

Visão sobre as Escrituras Sagradas

Os Cristadelfianos afirmam crer exclusivamente nas Escrituras Sagradas, mas seus ensinos divergem significativamente de outras correntes cristãs. Embora se considerem seguidores fiéis da Bíblia, suas interpretações são bastante particulares, com grande ênfase em literatura produzida pelo próprio movimento, que, para eles, complementa e explica as Escrituras de maneira mais precisa. De forma geral, rejeitam as tradições cristãs estabelecidas, como a doutrina da Trindade, o que reflete suas visões radicais sobre temas teológicos.

Doutrinas sobre Deus e a Trindade

Uma das características mais marcantes do Cristadelfianismo é a negação da doutrina da Trindade. Para os Cristadelfianos, Deus é unitarista e, portanto, acreditam que Deus é apenas o Pai. A natureza de Cristo, segundo essa crença, é puramente humana, negando sua divindade e afirmando que Jesus, ao morrer na cruz, foi um pecador que destruiu seu próprio pecado. Esse ponto é central para a seita, pois sublinha a ideia de que Jesus não é divino, mas apenas um homem, o que distorce a visão tradicional cristã da pessoa e obra de Cristo.

O Espírito Santo e a Natureza do Mal

O Espírito Santo, de acordo com os Cristadelfianos, não é uma pessoa divina da Trindade, mas uma força divina impessoal que não exerce uma personalidade independente. Quanto ao conceito de demônios, a seita rejeita a ideia de que os demônios são seres espirituais, considerando-os como apenas influências espirituais malignas, o que distorce a visão tradicional do cristianismo sobre as forças do mal.

A Doutrina da Morte e da Salvação

Em relação à morte, os Cristadelfianos seguem a doutrina do “sono da alma”, afirmando que, após a morte, a alma fica inconsciente até o momento da ressurreição, o que se alinha com a visão de algumas outras seitas, como os Adventistas do Sétimo Dia e os Testemunhas de Jeová. Em sua doutrina da salvação, a seita adota uma visão aniquilacionista, ou seja, acredita que o inferno não é um lugar de tormento eterno, mas sim um estado de destruição definitiva. Para eles, aqueles que não alcançam a salvação serão completamente destruídos, em vez de sofrerem eternamente.

Conclusão

O Cristadelfianismo, com suas crenças únicas sobre a natureza de Deus, de Cristo, e sobre a salvação, se distingue de outras tradições cristãs. Com uma forte ênfase na interpretação literal da Bíblia e na rejeição das doutrinas tradicionais, a seita segue sua própria visão radical de fé, destacando-se por uma perspectiva humanista sobre Cristo e uma abordagem não convencional em relação ao pós-vida e à salvação. Embora compartilhe algumas semelhanças com outras seitas cristãs, como a negação da Trindade e a visão aniquilacionista do inferno, o Cristadelfianismo é, sem dúvida, uma vertente religiosa com doutrinas próprias e exclusivas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *