O Rosacrucionismo é um movimento espiritual que possui raízes na tradição mística e esotérica ocidental, sendo frequentemente confundido com a maçonaria, embora seus princípios sejam distintos. A origem da ordem remonta ao século XIV d.C., quando Christian Rosenkreutz, um personagem lendário, teria fundado a ordem após retornar de viagens ao Egito, trazendo consigo ensinamentos secretos sobre o conhecimento espiritual.
A Concepção de Deus no Rosacrucionismo
Embora os adeptos do Rosacrucionismo não considerem sua doutrina uma religião formal, mas sim uma ciência esotérica, suas crenças sobre Deus são intrigantes. Eles acreditam que Deus é uma entidade impessoal e separada, mas essa concepção se desvia do tradicional monoteísmo cristão. No Rosacrucionismo, Deus é composto por sete espíritos que se manifestam sob diferentes aspectos, um conceito que se aproxima da ideia de múltiplos aspectos divinos na Trindade cristã, mas com uma interpretação mais abstrata e simbólica.
Jesus e a Rejeição à Sua Divindade
Os rosacruzes rejeitam a divindade de Cristo, considerando Jesus como um mestre espiritual, mas não como o Filho de Deus na concepção cristã. Para eles, Jesus ocupa uma posição elevada entre os mestres espirituais do mundo, mas essa distinção é vista mais como uma questão de nível espiritual, não de essência ou substância. Essa visão reflete uma abordagem mais filosófica e menos religiosa da figura de Jesus, como alguém que alcançou um grau elevado de iluminação espiritual, mas não o Salvador divino.
O Espírito Santo e a Reencarnação
Em relação à pessoa do Espírito Santo, os rosacruzes acreditam que, após sua atuação por meio de Jesus, o Espírito se difundiu por todo o planeta, espalhando sua influência espiritual. Esse conceito de uma presença contínua e abrangente do Espírito Santo é mais simbólico do que uma doutrina literal, refletindo a ideia de que o poder espiritual não se limita a uma única manifestação, mas está presente em toda a humanidade.
A crença rosacruz em reencarnação é uma das mais características do movimento. No entanto, ao contrário de outras tradições que acreditam na reencarnação contínua, os rosacruzes defendem que a reencarnação ocorre apenas a cada 144 anos. Após a morte, o espírito permanece em um estado de espera no espaço até que esteja pronto para assumir um novo corpo. Essa visão de reencarnação com intervalos longos reflete a ênfase na purificação espiritual gradual, uma jornada de evolução que ocorre ao longo de várias vidas.
Misticismo Neopagão e a Aceitação do Sobrenatural
O Rosacrucionismo também está imerso em misticismo neopagão, aceitando a existência de seres como duendes, gnomos e fadas, que são vistos como entidades espirituais que interagem com o mundo humano de maneiras simbólicas e espirituais. Essa aceitação do sobrenatural é uma característica comum a muitos movimentos esotéricos, que buscam compreender e interagir com o mundo espiritual em várias de suas manifestações, sejam elas humanas ou não.
A Concepção do Homem e a Divindade Interior
Além disso, o Rosacrucionismo atribui uma divindade ao homem, uma ideia que se assemelha aos conceitos do movimento Nova Era. De acordo com essa crença, o ser humano possui uma essência divina interna, capaz de alcançar a iluminação espiritual através do conhecimento e da prática de rituais secretos. Essa visão sugere que, ao descobrir e desenvolver essa divindade interna, os indivíduos podem alcançar a verdadeira compreensão do universo e de seu propósito espiritual.
Conclusão
O Rosacrucionismo é uma tradição complexa que mistura filosofia esotérica, misticismo e práticas espirituais com uma visão única sobre Deus, Jesus e a humanidade. Embora não se considere uma religião no sentido tradicional, suas crenças influenciaram muitos movimentos esotéricos e continuam a ser uma fonte de estudo e debate entre aqueles que buscam uma compreensão mais profunda do mundo espiritual. Suas doutrinas sobre a reencarnação, a divindade humana e a interação com o mundo sobrenatural fazem parte de um sistema de crenças que desafia a visão tradicional da religião e propõe uma jornada de autoconhecimento e evolução espiritual.