O Racionalismo Cristão surgiu em 26 de janeiro de 1910, na cidade de Santos, fundado por dois comerciantes portugueses, Luiz José de Mattos e Luiz Alves Thomaz. Inicialmente conhecido como Centro Espírita Amor e Caridade, o movimento inaugurou sua sede própria em 21 de junho de 1912, em uma data significativa, considerada pelos fundadores como o dia da desencarnação de São Luiz Gonzaga.
Origem e Fundamentos
A origem do Racionalismo Cristão está vinculada ao espiritismo kardecista, mas seus fundadores afirmam que a doutrina espírita praticada no Brasil foi mal interpretada e deturpada. Em vez de se classificar como uma religião, o Racionalismo Cristão se define como uma doutrina espiritualizadora, que visa o progresso e a evolução do ser humano, sem a necessidade de um Deus pessoal ou de cultos. Essa filosofia rejeita a Bíblia como um texto infalível e a considera cheia de incoerências e manipulações para apoiar a “classe sacerdotal do cristianismo”.
A Visão sobre Deus
Ao contrário das religiões tradicionais, o Racionalismo Cristão nega a existência de um Deus pessoal e afirma que a crença em um Deus invisível reflete um atraso espiritual. Em sua cosmovisão, Deus não é uma entidade separada, mas uma Força Universal, uma Inteligência Cósmica ou Grande Foco, presente em toda a vastidão do Universo. Para os adeptos do movimento, essa força ocupa todo o espaço infinito e está presente em cada ponto do Universo, atuando como uma energia vital, inteligente e criadora.
Essa visão se distancia tanto do cristianismo tradicional quanto do espiritismo, propondo uma compreensão de Deus que não é baseada em uma divindade pessoal, mas em uma força impessoal que permeia tudo.
Jesus e a Evolução Espiritual
Dentro do Racionalismo Cristão, Jesus é visto como um ser em um alto grau de evolução, comparável a outras figuras espirituais como Buda e Maomé. Não é considerado um ser divino, mas alguém que alcançou um estágio superior através de muito esforço, sofrimento e reencarnações. A doutrina afirma que Jesus, assim como outros grandes mestres espirituais, retornou à Terra para ensinar a humanidade, mas não deve ser adorado nem considerado como um intermediário para o perdão dos pecados.
O conceito de perdão também é negado, pois para os seguidores dessa doutrina, não há necessidade de perdão. Em vez disso, o processo espiritual é centrado na evolução pessoal e no progresso contínuo. O movimento também nega os milagres atribuídos a Jesus, considerando-os explicáveis por leis naturais que, muitas vezes, a humanidade ainda desconhece.
A Doutrina Espiritualizadora
Os principais livros da doutrina do Racionalismo Cristão incluem “Racionalismo Cristão”, “Prática do Racionalismo Cristão”, “A Vida Fora da Matéria”, entre outros. Esses textos ensinam que o ser humano é parte integrante dessa Força Universal e que todos possuem, em estado latente, os atributos, poderes e dons dessa energia cósmica. O estudo e a prática dos ensinamentos contidos nesses livros são fundamentais para alcançar a evolução espiritual, e seus adeptos acreditam que a alma evolui continuamente até atingir um estado superior.
Práticas e Ensinamentos
Os praticantes do Racionalismo Cristão se dedicam ao estudo constante das obras de seus fundadores e à meditação sobre os ensinamentos contidos nesses livros. A prática espiritual não envolve rituais de adoração, mas sim o desenvolvimento da compreensão de que todos os seres humanos são partes de uma grande Força Universal. Eles acreditam que a transformação interior e o conhecimento espiritual são essenciais para alcançar o progresso e a harmonia universal.
Conclusão
O Racionalismo Cristão oferece uma perspectiva única sobre a espiritualidade, afastando-se das doutrinas religiosas tradicionais e propondo uma visão do universo como um todo interconectado por uma força universal impessoal. Ao invés de adoração ou cultos, o movimento enfatiza o desenvolvimento espiritual e a evolução contínua do ser humano, através do entendimento de sua relação com o universo e com a energia cósmica que tudo permeia. Em sua visão, a chave para o progresso espiritual está no autoconhecimento e no constante esforço para atingir a perfeição.