Legião da Boa Vontade – LBV



   

A Legião da Boa Vontade (LBV) foi fundada em janeiro de 1950 por Alziro Elias David Abraão Zarur (conhecido como Alziro Zarur). O movimento se propõe como a quarta revelação da humanidade, que teria vindo para substituir o espiritismo kardecista, considerado por Zarur como a terceira revelação. A LBV se define como uma “Religião de Deus”, com um enfoque ecumênico, buscando reunir em si todas as religiões. A proposta é a de um movimento de união espiritual, no qual as crenças de diferentes tradições religiosas seriam compatibilizadas.

Conceito de Deus e a Falta de Autoridade das Escrituras

Embora a LBV faça frequentes referências ao cristianismo e tenha Jesus como figura central de culto, o movimento não considera a Bíblia como infalível. De acordo com Zarur e seus seguidores, as Sagradas Escrituras estão repletas de erros, devido ao grau de evolução de seus autores humanos. Ao invés da Bíblia, o movimento adota como livro mais perfeito o “Livro de Deus”, obra escrita por Zarur, que ele defende como um substituto da Palavra de Deus, afirmando que a Bíblia contém fábulas e lendas.

O conceito de Deus na LBV é de um ser infinito, que exerce um poder impessoal sobre todo o Universo. Esse Deus não é pessoal como é apresentado no cristianismo tradicional, mas sim uma força cósmica que controla a existência sem uma identidade definida. Esse ponto de vista coloca a visão de Deus na LBV em contraste com as doutrinas cristãs tradicionais, que vêem Deus como um ser pessoal e trino.

Jesus Cristo e a Salvação pela Reencarnação

Em relação a Jesus Cristo, a LBV adota uma visão próxima ao espiritismo kardecista. Não aceitam o conceito do corpo físico de Jesus, mas o consideram como possuindo um corpo fluídico. Além disso, negam o nascimento virginal de Cristo e a obra vicária de sua morte na cruz, que para o cristianismo tradicional resulta na salvação dos pecadores. Para os membros da LBV, a salvação não vem pela morte de Cristo, mas por meio de sucessivas reencarnações, nas quais o homem vai se tornando progressivamente mais perfeito por meio de sofrimentos e boas obras.

Esse entendimento coloca a LBV em desacordo com a doutrina cristã tradicional, que afirma que a salvação é pela graça através de Cristo, não dependendo de esforços próprios ou do ciclo de reencarnações.

O Espírito Santo e a Trindade

A concepção da LBV sobre o Espírito Santo é bastante distante da visão cristã tradicional. Para eles, o Espírito Santo não é uma Pessoa da Trindade, mas sim uma energia, um conjunto de espíritos puros e bons. Isso reflete a visão da LBV de que a Trindade divina não existe, sendo uma ideia incompatível com a interpretação cristã tradicional de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo.

Universalismo e a Redenção Final

Um dos aspectos mais marcantes da Legião da Boa Vontade é seu universalismo extremo. De acordo com a seita, ao final de tudo, todos os seres humanos terão seus pecados perdoados, incluindo até mesmo Satanás, a quem chamam de “nosso irmão Lúcifer”. Zarur ensinou que se deve interceder a favor de Satanás, acreditando que, eventualmente, até ele será redimido. Esse ponto de vista contradiz a visão cristã tradicional de condenação eterna para os ímpios e coloca a LBV em uma posição distinta em relação às demais religiões que afirmam a necessidade de salvação através de Cristo.

Conclusão

A Legião da Boa Vontade segue uma filosofia sincrética que busca integrar várias tradições religiosas, mas ao mesmo tempo se desvia dos ensinamentos cristãos fundamentais. Sua visão de Deus impessoal, a negação da Trindade, a rejeição da morte vicária de Cristo e a salvação pela reencarnação são aspectos que a colocam em desacordo com o cristianismo tradicional. Além disso, sua proposta de universalismo, que afirma que todos serão redimidos, inclusive Satanás, é uma crença que contraria a doutrina cristã da condenação eterna para os que rejeitam a salvação em Cristo. Assim, a LBV apresenta-se como um movimento que mistura elementos do espiritismo, do gnosticismo e do universalismo, criando uma religião que distorce muitas das doutrinas centrais do cristianismo.

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