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João 8 – Almeida Revista Atualizada 1993

10/02/2022

A mulher adúltera

1 ¶ Jesus, entretanto, foi para o monte das Oliveiras.

2De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava.

3Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos,

4disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério.

5E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?

6Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo.

7Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.

8E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.

9Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava.

10Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?

11Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.

Discurso de Jesus sobre a sua missão

12¶ De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.

13Então, lhe objetaram os fariseus: Tu dás testemunho de ti mesmo; logo, o teu testemunho não é verdadeiro.

14Respondeu Jesus e disse-lhes: Posto que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei donde vim e para onde vou; mas vós não sabeis donde venho, nem para onde vou.

15Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo.

16Se eu julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, porém eu e aquele que me enviou.

17Também na vossa lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro.

18Eu testifico de mim mesmo, e o Pai, que me enviou, também testifica de mim.

19Então, eles lhe perguntaram: Onde está teu Pai? Respondeu Jesus: Não me conheceis a mim nem a meu Pai; se conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai.

20Proferiu ele estas palavras no lugar do gazofilácio, quando ensinava no templo; e ninguém o prendeu, porque não era ainda chegada a sua hora.

21¶ De outra feita, lhes falou, dizendo: Vou retirar-me, e vós me procurareis, mas perecereis no vosso pecado; para onde eu vou vós não podeis ir.

22Então, diziam os judeus: Terá ele, acaso, a intenção de suicidar-se? Porque diz: Para onde eu vou vós não podeis ir.

23E prosseguiu: Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou.

24Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados.

25Então, lhe perguntaram: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: Que é que desde o princípio vos tenho dito?

26Muitas coisas tenho para dizer a vosso respeito e vos julgar; porém aquele que me enviou é verdadeiro, de modo que as coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao mundo.

27Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai.

28Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, sabereis que EU SOU e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou.

29E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada.

30Ditas estas coisas, muitos creram nele.

31¶ Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos;

32e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

33Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão e jamais fomos escravos de alguém; como dizes tu: Sereis livres?

34Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado.

35O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre.

36Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.

37Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não está em vós.

38¶ Eu falo das coisas que vi junto de meu Pai; vós, porém, fazeis o que vistes em vosso pai.

39Então, lhe responderam: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão.

40Mas agora procurais matar-me, a mim que vos tenho falado a verdade que ouvi de Deus; assim não procedeu Abraão.

41Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe eles: Nós não somos bastardos; temos um pai, que é Deus.

42Replicou-lhes Jesus: Se Deus fosse, de fato, vosso pai, certamente, me havíeis de amar; porque eu vim de Deus e aqui estou; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.

43Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra.

44Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.

45Mas, porque eu digo a verdade, não me credes.

46¶ Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes?

47Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus.

48Responderam, pois, os judeus e lhe disseram: Porventura, não temos razão em dizer que és samaritano e tens demônio?

49Replicou Jesus: Eu não tenho demônio; pelo contrário, honro a meu Pai, e vós me desonrais.

50Eu não procuro a minha própria glória; há quem a busque e julgue.

51¶ Em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte, eternamente.

52Disseram-lhe os judeus: Agora, estamos certos de que tens demônio. Abraão morreu, e também os profetas, e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, não provará a morte, eternamente.

53És maior do que Abraão, o nosso pai, que morreu? Também os profetas morreram. Quem, pois, te fazes ser?

54Respondeu Jesus: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória nada é; quem me glorifica é meu Pai, o qual vós dizeis que é vosso Deus.

55Entretanto, vós não o tendes conhecido; eu, porém, o conheço. Se eu disser que não o conheço, serei como vós: mentiroso; mas eu o conheço e guardo a sua palavra.

56Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se.

57Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão?

58Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU.

59Então, pegaram em pedras para atirarem nele; mas Jesus se ocultou e saiu do templo.