Em que se resume o Pelagianismo?



   

O Pelagianismo foi uma doutrina teológica desenvolvida no século V pelo monge britânico Pelágio. Essa visão teológica foi fortemente debatida na Igreja primitiva, pois ia de encontro às doutrinas do pecado original e da graça divina. Segundo Pelágio, o ser humano nasce moralmente neutro e tem plena capacidade de escolher entre o bem e o mal sem a necessidade da graça divina para alcançar a salvação.

Entre os principais ensinamentos do pelagianismo, destacam-se:

  1. O ser humano não nasce em pecado – Diferente da doutrina cristã tradicional, que ensina que todos nascem com a natureza pecaminosa herdada de Adão, o pelagianismo afirma que cada indivíduo nasce sem qualquer mancha do pecado original.
  2. A transgressão de Adão não afeta diretamente os outros – Para Pelágio, o pecado de Adão foi um erro pessoal e não teve um impacto direto sobre a natureza humana. Cada pessoa é responsável apenas por seus próprios atos e não herda a culpa de gerações anteriores.
  3. Não existe pecado original – Enquanto a tradição cristã ensina que a humanidade herdou uma inclinação ao pecado devido à queda de Adão, Pelágio defendia que cada pessoa tem a capacidade de escolher entre o bem e o mal desde o nascimento.
  4. Não existe a corrupção geral do gênero humano – Diferente da visão agostiniana, que ensina que a humanidade está corrompida pelo pecado e depende inteiramente da graça de Deus para a salvação, o pelagianismo sustenta que o homem pode alcançar a perfeição moral através de seu próprio esforço e livre-arbítrio.

A doutrina pelagiana foi amplamente criticada por figuras como Santo Agostinho, que enfatizava a necessidade da graça divina para a salvação. O pelagianismo foi condenado oficialmente no Concílio de Cartago (418) e posteriormente no Concílio de Éfeso (431), sendo considerado herético pela Igreja.


Quais grupos religiosos representam hoje algumas das ideias do pelagianismo?

Apesar de ter sido condenado como heresia, algumas ideias do pelagianismo persistem até os dias atuais e influenciam certos grupos religiosos. Entre os movimentos que compartilham aspectos semelhantes ao pelagianismo, destacam-se:

  1. Religiões reencarnacionistas – Tradições religiosas que acreditam na reencarnação, como o espiritismo e algumas vertentes do hinduísmo e budismo, compartilham a visão de que o ser humano nasce sem pecado original e pode evoluir moralmente por meio de seus próprios esforços em sucessivas vidas.
  2. Ciência Cristã – Esse movimento religioso, fundado por Mary Baker Eddy no século XIX, ensina que o pecado e o mal são ilusões da mente e que o ser humano pode alcançar a perfeição espiritual por meio da compreensão da Verdade divina. Assim como o pelagianismo, a Ciência Cristã minimiza a necessidade da graça divina para a salvação.
  3. Mormonismo – A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons) rejeita a doutrina do pecado original da forma tradicionalmente ensinada pelo cristianismo histórico. Os mórmons acreditam que os seres humanos nascem puros e que o pecado de Adão trouxe apenas a mortalidade física, não uma culpa herdada.

Conclusão

O pelagianismo foi uma doutrina teológica que desafiou a tradição cristã ao afirmar que o ser humano nasce sem pecado e pode alcançar a perfeição moral sem a necessidade da graça divina. Condenado como heresia pela Igreja, suas ideias continuam a influenciar certos grupos religiosos, especialmente aqueles que enfatizam o livre-arbítrio humano e a capacidade de autoaperfeiçoamento moral. O debate sobre o papel da graça e do livre-arbítrio na salvação continua sendo um tema central na teologia cristã até os dias de hoje.

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