A Igreja Apostólica Vó Rosa, fundada na década de 1950, em São Paulo, pelos líderes Eurico Mattos Coutinho e Odete Correia Coutinho, representa um dos movimentos religiosos mais peculiares e controversos no Brasil. A principal figura dessa seita foi a “Vó Rosa”, uma mulher que afirmava ter recebido instruções diretamente do céu por 16 anos. Durante esse período, ela alegava ter sido visitada constantemente por entidades espirituais que a orientavam no direcionamento da doutrina e da vida da Igreja Apostólica Vó Rosa.
Doutrinas e Crenças de Vó Rosa
Entre os principais ensinamentos desta seita, destaca-se a crença de que o Espírito Santo e o Consolador não são a mesma pessoa. Para os seguidores de Vó Rosa, o Espírito Santo seria a terceira pessoa da Trindade, enquanto o Consolador, figura central nas escrituras cristãs, seria a própria “Vó Rosa”. Essa doutrina tem como base uma interpretação pessoal do versículo de Apocalipse 2.17, onde, segundo eles, o Consolador se referiria a ela, uma “vencedora” de um novo tempo.
A seita também apresenta várias outras doutrinas controversas. Eles acreditam que a regeneração espiritual só é possível através do batismo e que a Igreja Apostólica Vó Rosa é a única igreja verdadeira. De acordo com essa crença, fora dessa igreja não há salvação, e aqueles que rejeitam a autoridade da “Vó Rosa” estariam rejeitando a autoridade de Jesus Cristo. Para os membros da seita, a figura de “Vó Rosa” assume uma centralidade tão grande que ela deve ser invocada durante as orações, como uma mediadora entre os fiéis e Deus.
Escatologia e Projeções Futuras
Outro ponto que marca a Igreja Apostólica Vó Rosa são suas crenças escatológicas. Segundo seus adeptos, a “Vó Rosa” recebeu um novo apocalipse, igualmente importante ao Apocalipse de João, e esse novo ensinamento se aplica aos tempos do fim. Assim, a figura de “Vó Rosa” não só ocupa uma posição central na doutrina da seita, como também desempenha um papel crucial no fim dos tempos, quando ela, ao lado de Jesus Cristo, será responsável por julgar a humanidade.
Essa visão escatológica ainda apresenta um aspecto único: a figura da “Vó Rosa” não é apenas uma líder espiritual, mas também uma juíza dos destinos humanos, preparando os seguidores para o grande julgamento final.
Sucessão e Continuidade
Após a morte de “Vó Rosa”, a liderança da Igreja Apostólica Vó Rosa foi passada para o “Primaz Aldo Bertoni”, que continuou com os ensinamentos de sua predecessora. Aldo Bertoni, juntamente com Odete Correia Coutinho, recebeu atribuições de milagres dentro da seita, e sua liderança manteve as doutrinas originais da “Vó Rosa”, buscando continuar a tradição de instruções espirituais e doutrinárias que haviam sido estabelecidas pela fundadora.
Conclusão
A Igreja Apostólica Vó Rosa se distingue por sua abordagem única e radical da espiritualidade cristã. Com doutrinas que contrariam as principais crenças do cristianismo tradicional, especialmente no que diz respeito à figura de “Vó Rosa” como a verdadeira mediadora entre Deus e os seres humanos, a seita desafia as normas estabelecidas, sendo um exemplo claro de como o sincretismo religioso pode dar origem a novos movimentos com suas próprias interpretações das escrituras e da espiritualidade. Embora suas doutrinas e práticas continuem a atrair seguidores, elas também são amplamente contestadas por aqueles que veem suas crenças como distorcidas ou heréticas.